Que sabes que não nos contas?
Quantos amores te viveram?
Quantas dores te confessaram?
Quem escondes nessa cortina?
Quem a porta entreabriu
e nunca mais a fechou?
Tens o número primeiro
daquela rua enrugada
como a pele da tua face
outrora lisa e corada.
Quem te mora vai sobrando
o lampião esmorecendo
a ruína se oferecendo
ao passante que pressente
a dor dos ossos da casa
a dor dos ossos da gente.
Licínia Quitério |
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