O museu da imigração, em Paris. Um lugar a visitar. Ali está
uma França digna a afirmar, logo à entrada, "nem todos somos filhos de
gauleses". Lá dentro, muitíssimo bem concebida, a exposição da história da
imigração que em França procurou vida e alimento e onde deu o suor, a dor, a
força incrível de ganhar outras raízes nunca perdendo de vista as primeiras, as
dos seus países que, em dados momentos da História, não lhes permitiram a
dignidade, a liberdade, a sobrevivência. Entre outros, em lugar destacado, ali
estamos nós, os portugueses, os que, entre o "ici" e o
"lá-bas", construiram, limparam, serviram, reabilitaram, renovaram a
grande cidade. Fotos, objectos, vídeos, testemunhos gravados, nomes de homens e
mulheres--coragem que Salazar rejeitou e que outro país recebeu, com todas as
grandezas e maldades que sempre sucedem a quem pede asilo e trabalho. Outras
vagas estão a acontecer, de cá e de outros mundos, e o museu está atento,
registando as trouxas, os pobres sacos dos que chegam, muitos de além-mar, sem
nada a não ser a esperança de um lugar onde possam viver e criar os seus
filhos. É este museu um lugar que se visita com um aperto no coração, donde se
sai devagar, com poucas falas, que nunca se poderá dizer absolutamente a
miséria que somos, a grandeza que somos.
Licínia Quitério
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