Um pouco mais acima e tudo muda, tudo se reduz, se dilui.
Linhas que são estradas, verde-escuro a que chamamos bosques, cinzentos a que chamamos campos. Lá pelo meio, a geometria
ovalada de uma vila, aldeia ou outro nome que damos às casas com gente dentro
que se encostam, em defesa, em fuga, em solidão. Tudo fixo, imóvel, num sossego de
mapa. Se há animais, ou homens, ou vento nas folhas, só a quietude e o silêncio
se avistam. Se há paz ou guerra, ou mortes, ou sinos de festa, tudo estático,
numa única dimensão, lá em baixo, no ínfimo pedaço de crosta do planeta. Mais
alto agora e só o azul e o algodão e nem rasto de anjo nem de estrela. Tudo o
resto lá em baixo, longe, muito longe e nós um átomo viajante, inconformado,
julgando divisar a eternidade.
Licínia Quitério
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