Um joelho pousado sobre a relva, Clarisse parece
acariciar o verde com as polpas dos dedos da mão. Fica assim, naquele tempo de
pintura antiga, estalada a pele da mão, a pele do rosto, escurecida a palha do
chapéu, franzida a roupa. Intacta a cor dos olhos, da mesma tinta que foi dada
à relva. Nos pequenos arcos de círculo, que a mão vai desenhando, passam pés
pequeninos, hesitantes, vigiados. Não deixam marcas, são alados. Não tarda, os
bem maiores, trementes, espalhando cheiros de flores e de sementes. Clarisse
suspende o gesto, ergue-se. Há sítios onde a relva não regressa. O verde dos
seus olhos escurece, levemente.
Licínia Quitério
Texto em resposta a um desafio aqui.