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21.6.11

O EUCALIPTO



Foi abaixo de vez, o grande eucalipto meu vizinho. Possivelmente incomodava o muro velho, o dono do terreno. Foi cortado e pronto. Ontem havia um cheiro intenso à seiva que nos dizia da ausência da árvore. Guardo alguns dos seus pequenos frutos que espalhava pelo passeio. Costumava oferecê-los à minha velha Mãe, quando já não podia sair e encontrar-se com as árvores que amava. Guardava-os nos bolsos e as mãos dela traziam-me florestas. Pieguices. Tudo tem um fim, não é? Ficou uma foto que dele fiz, ao subir a rua em manhã de sol.


Licínia Quitério

14.6.11

EXCESSO



O azul impossível acontece e nele se recortam o prato branco e os fios que um dia trouxeram as vozes e as luzes do céu à casa. Por instantes, o gato entra no quadro e justifica a velhice do muro, a falência dos fios, do prato. Está vivo e nervoso, o gato. O excesso de azul pode apagá-lo.


Licínia Quitério

13.6.11

O SENHOR POETA



Eu era muito, muito pequena, quando ia almoçar com os meus pais ao restaurante "Irmãos Unidos", no Rossio. Um quadro enorme na parede atraía os meus olhos de criança em descoberta. Um senhor, pintado aos quadradinhos, com os pés curiosamente traçados por debaixo da mesa em que escrevia. E havia o chapéu, tão parecido com o do meu pai, talvez também comprado ali ao lado, na Chapelaria Rua. Explicaram-me que o senhor se chamava Fernando Pessoa e era poeta. No restaurante havia um senhor que tinha de apelido Guisado e que conversava com o meu pai num outro lugar, lá dentro. Era tudo muito engraçado naquele sítio. Durante muitos anos não voltei a ver o quadro com o senhor pintado aos quadradinhos.

Quando o reencontrei, lembrei-me da almofada de couro preto que me punham na cadeira para eu chegar melhor à altura do prato e contemplar o senhor poeta.


Licínia Quitério

10.6.11

QUANDO...




"Quando a semente se aninhou na terra, começou a contagem das horas, dos dias, dos meses, dos anos, muitos anos de viver o tempo de ser árvore, sombra, alimento, estátua viva."


Resposta a desafio em http://outrostemas.blogspot.com/

Licínia Quitério

O COMUM DOS DIAS



O que está dentro. O que está fora. O que está longe. O que está perto. O que se vê. O que se adivinha.  Colagens. Reflexos. Ilusões. Olhares. O comum dos dias.

Licínia Quitério

2.6.11

QUINTA-FEIRA DA ESPIGA


Quinta-feira da Espiga. Assim se chama e por esse nome se festeja hoje, por muitos lugares deste País. Invocação dos cereais, da abundância, louvor e prece a todos os deuses que queiram matar a fome a todos os homens. Celebremos, então, o nosso dever de homens repartidores do Pão!

Licínia Quitério


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