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12.8.15

A TASCA DO DELFIM


De passagem por Arcos-de-Valdevez, alargando a curiosidade por ruas antigas e estreitas, de belas varandas de ferro forjado, engalanadas de vasos de gerânios e petúnias, despertou-nos a curiosidade a porta aberta, por cima da qual um papel dizia ser ali A Tasca do Delfim e Museu do Acordeão. Franqueámos o degrau, lá de dentro veio um fresquinho a calhar no dia tórrido, e perguntámos se podíamos ver. A voz de mulher, no seu inconfundível sotaque minhoto, a afirmar que sim, façam o favor, vejam, vejam, sentem-se, tomem uma bebida, a ginja é uma delícia. Ficámos e percebemos que estávamos rodeados e encimados por uma profusão impensável de objectos, a cobrirem as paredes, a penderem do tecto. Um sem número de acordeãos, ao longo das prateleiras, testemunhas de lugares e tempos vários, por onde e quando o senhor Delfim tinha tocado. Muitos oferecidos, outros comprados, assim foi nascendo o Museu. Pessoa muito conhecida, o Senhor Delfim, marido da Dona Maria, já não toca por aí. Agora quem toca é o filho que lá está numa foto com o Senhor Malato, pois foi há pouco à televisão, sim, como a senhora pode ver. Por entre postais, flores de plástico, maçarocas de milho, miniaturas de alfaias, cabaças, santinhos, e tudo e tudo que se possa imaginar, deparo com fotos do Senhor Delfim, ali mesmo em sua Tasca/Museu, com Dona Amália Rodrigues e o Senhor Eusébio. Por mero acaso, fui eu então parar a um lugar de culto, uma riqueza de história de como vivem e tocam e cantam as gentes do Minho. A Dona Maria é uma Senhora linda, no seu traje garrido, a sua cabeleira ondulada, do genuíno loiro do Norte, a sua pele branca, o seu oiro galhardo, o seu sorriso de puro contentamento, ali sentada, a responder a perguntas formuladas à pressa por quem aparece sem saber o que encontra. Perguntei-lhe se a podia fotografar, pode sim, senhora, à sua vontade, com muito gosto, tire as fotos que queira, a tudo, e a mim, e endireitou-se mais e encarou a máquina. 
Aqui fica o que registei da minha visita improvável à Tasca do Delfim/Museu do Acordeão, ali ao Norte, nos Arcos.  Se passarem por lá, não percam.

Licínia Quitério

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