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27.11.10

O BANCO

Que faz ali aquele banco? Por detrás tem uma bonita sebe e pela frente, mesmo à beirinha, uma rua antiga e estreita onde passam carros. Que se pode fazer sentado naquele banco novinho em folha? Ler? E o barulho dos carros zz zzz! Conversar com alguém? Porquê ali, de cabecinha ao sol, mesmo rente à rua zzz zz? Um banco destes tem de fazer parte da história da terra. Tem de receber os velhos a procurarem a sombra, tem de sentir os pés das crianças traquinas a empoleirarem-se-lhe nas costas, tem de ouvir segredos de namorados à noitinha e conversas banais dos que a ele se encostam porque não têm tempo de se sentarem. Um banco em lugar público tem de ser a extensão da cadeira de lona do nosso alpendre, um cúmplice do nosso olhar sobre a pele dos dias. Verdade, verdadinha, nunca vi ninguém sentado neste banco. Foi por isso que não tive pudor em fotografá-lo.

Licínia Quitério




1 comentário:

Anónimo disse...

O que eu me ri com esta chamada....
Passo por este sítio todos os dias e até achei graça, quando dei conta do espaço cuidado.

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