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27.11.10

JARDINS

Os jardins públicos de hoje são diferentes dos de outros tempos em que a floricultura era mais amor e suor de jardineiro e menos cultura intensiva, pronto a plantar, pronto a arrancar e a substituir. Hoje, nos jardins públicos, as plantas, em regra, não cumprem os seus ciclos de vida. Num dia é a profusão das petúnias, no outro a dos amores- perfeitos. As begónias duram mais, muito certinhas, calibradas. As sálvias só lá estão enquanto as florações vermelhas não se atreverem à esperança de frutificarem. No dia seguinte vem o carro grande, com as ferramentas luzidias e arranca-as todas. Logo se segue outro carro, quem sabe com sempre-verdes, gémeos todos de forma e volume. São outros os tempos e a indústria das flores (como me incomoda a expressão) tem as suas regras, os seus objectivos a cumprir para que se mantenha "viável".


Pois os jardins andam bonitos, sim senhores, e eu vou-me habituando a que as flores também passaram a ser objectos descartáveis.

Feliz fico quando encontro um jardim à antiga, com espécies diferentes em convivialidade, nos seus diferentes tamanhos, nas suas diferentes idades. E as canas! As canas na sua função de esteios a assegurar aprumos. Como podem as dálias crescer sem encurvar se não forem as canas? Jardins anárquicos, com tempos de vida e morte natural. Não geométricos, não assépticos, não formatados, também eles, como outros seres viventes que conhecemos.




Licínia Quitério

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