Sabemos que a Primavera é menina de caprichos, instável,
imprevisível, de humores vários, temperaturas várias, de alto a baixo da
escala, de roupas frescas e de abafos, de neve na serra, de chuva de manhã, de
sol à tarde, de arco-íris e de nevoeiros. Também de alergias e gripes tardias,
de neuras e depressões, de súbitas paixões, de súbitas separações, de desejos
inconsequentes. Dou por mim a perguntar como será viver num país de outros
meridianos, de outros paralelos, sem Primavera, sem Outono, sem estas estações
de classe média, responsáveis, assim dizemos, por toda a nossa inquietude,
pelos espirros e pelos desamores, pela vida mediana e mesmo assim esperançosa
que nos faz acreditar em florações perenes, como se as árvores as pudessem
suportar.
Licínia Quitério
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