Hoje é o Dia do Livro. Do Livro de papel, com capa, com
autor declarado, com páginas numeradas, com princípio e fim. O Livro como o
conhecemos, nas nossas casas, nas nossas escolas, nas nossas mãos. Não é
possível ignorá-lo. Mesmo que nunca tivéssemos lido um Livro ele teria chegado
até nós. Ele contém o pensamento do autor posto em letras e palavras
arrumadinhas. Palavras e letras que dele saem para o leitor, para os leitores,
que as tomam, as adoptam, as transformam, as recriam, as amam ou detestam. E as
passam a outros, pela voz, pela conversa, pelo acto, pela vida. Este Livro que
hoje se celebra poderá deixar de se construir, sair de cena, ficar nos museus,
nas caves, nas lembranças. Mas o outro, o Livro que existe em cada ser humano,
não pára de ser escrito, de ser inventado, acrescentado, reconstruído, noutras
vozes, noutros lugares reais ou virtuais, noutros tempos em que talvez já nem
se chame Livro. O Livro há-de ser sempre um lugar onde o homem se pensa, se
excede, se oferece, vive.
Licínia Quitério
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