Aí está a silly season, com as suas quenturas a pedirem
bebidas frescas, as esplanadas de Domingo cheias de gente morena, suada, de
crianças rabugentas a quem foi subtraída a sesta, de cães à trela ameaçando
arrastar cadeira e dono. Para o fim da tarde chegam os da praia, areia a
transbordar das havaianas, a água estava boa, um bocado fria, no Algarve é que
é bom, talvez em Agosto, um fim de semana, só, e já é bem bom, há quem nem isso
possa fazer. Há os que se sentam para uma cerveja e uns tremoços, caracóis não
há aqui, puxam dos telemóveis, olha, sabes quantos likes já tenho, quarenta, e
ontem ainda tive mais. Uma mão para o tremoço a outra para tactear o écran,
agilidade, agilidade, são da era do polegar, do toque subtil, dos olhos
pregados na imagem, nas imagens, muitas, nos textos, curtos, muito curtos,
pouco mais do que sinalefas, ícones,
emojis, emoticons, palavras que não sei escrever, os novos hieróglifos,
os novos tempos, o novo Verão no hemisfério norte.
Licínia Quitério
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