Cansava-se, só de vê-las, só de pensá-las. Dizia “escadas” como quem soluça e explicava: “Se levassem ao céu...”
Levavam ao salão bonito, de madeiras bonitas, cheiroso à gente bonita que ali dançara. Vermelhas, as escadas, como o seu sangue, como as faces das moças bonitas que outrora dançaram na sala bonita.
Ficou cansada, pesada, dormente, só de pensá-las. Chegada ao cimo, chegada à sala, dobrou-se nas pernas, mirou-se num vidro e disse: “Como peixes de luz a nadar nos meus olhos.”.
“Está louca!”, exclamaram.
Já não estava cansada. Fumou um cigarro e sorriu.
Licínia Quitério
Sem comentários:
Enviar um comentário