Glicínias. De pequena aprendi a conhecê-las pelo nome, já que por menos um “g”
fui chamada. No jardim grande da minha terra, o senhor “Le Nôtre”, que se
chamava Marques, e usava as mangas da camisa arregaçadas, o peito à vela e um
chapéu preto sempre na cabeça, o magnífico jardineiro ensinava à minha
mãe os nomes das flores e as suas preferências de trato, saberes que ela
procurava reproduzir no nosso pequeno quintal. Das glicínias, que o senhor
Marques tão bem cuidava, além do nome fixei o odor doce exalado pelos enormes
cachos azul-lilás pendentes dos grossos, idosos, torcidos caules. Ainda hoje,
quando passo por glicínias em flor, me parece ver, na sua sombra, o chapéu
preto que o senhor Marques fazia descair para trás, com um piparote na pequena
aba, a arejar o suor da testa, da sua testa de jardineiro-chefe que me ensinou
a conhecer glicínias.
1 comentário:
São lindas e perfumadas. Não tenho no meu jardim. Creio que as glicinias não gostam do ar do mar.
Enviar um comentário