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9.9.08

QUANDO EU FOR VELHA...


AVISO


Quando eu for velha hei-de vestir-me de roxo
E pôr um chapéu vermelho que não combine nem me fique bem.
E hei-de gastar a minha pensão em brandy e luvas de verão
E sandálias de cetim, e hei-de dizer que não tenho dinheiro nem para manteiga.
Hei-de sentar-me no chão da rua quando estiver cansada
E mastigar com ruído amostras de rebuçados nas lojas e tocar campainhas de alarme
E fazer tilintar as grades dos jardins públicos com a ponta da bengala
E compensar a sobriedade da minha juventude.
Hei-de andar de chinelos à chuva
E apanhar flores nos jardins alheios
E aprender a cuspir.
Usar blusas horrorosas e engordar mais
E comer quilo e meio de salsichas de uma assentada
Ou passar uma semana só a pão e pickles
E guardar em caixas, com desvelos, canetas, lápis, bases para copos de cerveja e coisas assim.
Mas agora temos de vestir roupas que nos mantenham secos
E pagar a renda da casa e não andar na rua a praguejar
E ser um bom exemplo para as crianças.
Devemos receber amigos para jantar e ler jornais.
Mas não seria bom começar já a praticar um poucochinho?
É que assim as pessoas que me conhecem não ficarão demasiado chocadas e surpreendidas
Quando eu ficar velha de repente e começar a vestir-me de roxo.


JENNY JOSEPH


Uma tradução caseira de um poema que acho uma delícia. Espero que também gostem.

Licínia Quitério

1 comentário:

JG disse...

É uma delicia, sim, e a tradução óptima.

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