Eram quatro meninos com a adolescência enfiada nas mochilas,
quatro à mesa, de volta dos seus hamburgers, dos seus sumos de lata e palhinha,
falando e rindo, sem qualquer alarde de irreverência, daquela que tantas vezes
se ata ao nome de meninos assim grandes como estes. Espremiam o frasco da
maionese sobre as batatas fritas e depois comiam-nas com as mãos, pegadas pelas
pontas, no equilíbrio entre a máxima a vir à boca e a mínima a agarrar-se aos
dedos. Comiam e falavam e riam e tinham um ar guloso que dava gosto ver. Os
telemóveis descansavam ao lado do prato, mas não lhes tocavam, riam, comiam e
conversavam. Pagaram, moedinhas bem contadas, pegaram nas mochilas e saíram.
Tinham um ar feliz, estes quatro meninos do seu tempo, tão diferentes do
retrato daqueles de que se diz serem mal-educados, mal-comportados, mal-vestidos,
mal-de-nós quando só formos capazes de assim os vermos.
Licínia Quitério
Sem comentários:
Enviar um comentário