Gosto quando
a arquitectura nos diz de encontros e desencontros, de gostos, funções, testemunhos
de muitas e variadas ordens de sucessivos mandantes, e nos deixa perplexos na
procura de um fio que nos conduza e nos conte histórias de destruições, de
cataclismos, de faustos e misérias e básicas utilidades. A segurar a história
estão as pedras, as dos tempos muito antigos, as de hoje, e a juntá-las a cal,
a cobri-las a tinta. Da gruta à pirâmide quanto caminho andado, quanto deserto
nascido. Do palácio à choupana, quantos amores vividos, quanta fome, quanta
sede de mar. De tudo isto me alimento
quando inauguro um sítio escuso, algures, na torreira da tarde, onde ninguém se
demora, que ninguém guarda na memória.
Licínia Quitério
|
1 comentário:
Mt bom!
Enviar um comentário