Anoiteceu com um nevoeiro a invocar fantasmas, as torres da igreja liquefeitas, a luz dos candeeiros a explodir em auréolas contra a cortina, as árvores a agarrarem o céu, a espicaçarem o escuro. Também o calendário anoitece e com ele as folhas a procurarem cama breve no asfalto. É nas noites de nevoeiro que sinto a respiração alta da terra a convocar-me para encontros imprecisos, em lugares desconhecidos, de mágoas diluídas nos meus passos silenciosos. Não resisto e vou. E volto antes que o nevoeiro se desfaça.
Licínia Quitério
|
2 comentários:
Não gosto de nevoeiros.Sufocam-me.
Por isso te peço, não te percas no caminho e deixa que ele se dilua com a luz dos candeeiros.
BOM 2013!
Abraços e beijos.
Eu sei que me repito mas acho que vale a pena repetir-me: A beleza das coisas dá-me alento.
Enviar um comentário