No meu bairro não há só vulcões, há também a dona Augustinha lá ao fundo da loja, entre o armário dos congelados e a estante dos detergentes. Mesmo à entrada, fica a hortaliça. Eu só quero umas bananas, mas a dona Augustinha, arrastando uma pernita, logo exibe o feijãozinho verde, não quer, olhe que não tem fio, e estas perinhas, lindas, "pipino" para a saladinha, é boa ideia, vê, minha senhora, a gente gosta de mostrar o que tem, as clientes coitadinhas às vezes têm pressa e não veem, anda tudo com pressa, não é, minha senhora, pois, não sabemos para quê, até que deus queira, é a vidinha, tadinhas das criancinhas, diz a senhora muito bem, e os tomates chucha, não quer, uma beleza, leva só dois, pronto, a freguesa manda.
E lá fica a dona Augustinha, com os seus diminutivos, arrastando a pernita, até que deus queira, que ela de vulcões não sabe nem quer saber, isso são ideias minhas, mas não tenho culpa de ter um pelourinho a bem dizer à porta de casa, e de haver manhãs assim que nem chove nem faz sol e eu preciso mesmo de comprar bananas.
Licínia Quitério
2 comentários:
Sentido de humor. :-))
Voltei aqui para perguntar se a Dona Tela estava por ali. Olha, nem sei bem porquê (não sabes? Sei, sei), lembrei-me dela. :-))
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