Era uma casa. Às vezes há uma casa que segreda por detrás da cal. Uma casa e uma árvore que veste a intimidade da casa. Há um muro. E o muro está ali para contar que houve um tempo antes da casa. E antes dele nasceram as pedras. A memória antiga das pedras fala de conchas, de peixes, de sal. Ao princípio era o mar, depois a terra e os seus bichos. E houve guerras quando chegaram os homens que fizeram os muros. E fizeram a casa. E plantaram a árvore. E colhem os frutos. E vivem e dormem, por detrás da cal, na casa dos segredos, na concha de terra que veio depois do mar, depois do nada que foi antes do mar, antes, muito antes.
Licínia Quitério
1 comentário:
Da brancura onde apetece tocar.
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