O bolor, o bolor, a insinuar-se, nas máscaras, nos muros,
nas falas. Um bolor antigo, travestido, ardiloso, amável, ordeiro, calcário,
granítico, multiforme, multíparo. Um bolor consanguíneo, atávico, monstruoso, a
avançar no território do sol, a devorar os insones, com suas capas negras, suas
cruzes de mil braços, seu fumo de cera ardida, sua colossal mentira. Este é o
inverno, o inferno, de vozes doces, de línguas bífidas. Ai dos humanos perdidos
em suas dores.
Licínia Quitério
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