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27.11.10

MÃE

Tu sabes, Mãe, eu sou assim, esqueço-me dos dias assinalados no calendário dos homens. Sei do dia em que nasceste, mas não sei bem o dia em que te foste embora. Estiveste comigo durante muitos, muitos anos. Tantos que me habituei à ideia de que estarias sempre ali para me dizeres: Filha, não andes tão à pressa. Eu sei ...que tens muito que fazer, mas senta-te um bocadinho aqui. Tenho muitas coisas para te contar. Poucas vezes me sentei ali, a escutar-te. E a tua voz era tão bonita! Tão cheia de risos e de cantos e de outras vozes que reproduzias na perfeição. Mas eu tinha tanto que fazer. Eu tive sempre tanto que fazer. Hoje que já não tenho tanto para fazer, lembrei-me, vê lá tu, de me sentar aqui um bocadinho a recordar todas as histórias que não tive tempo para ouvir. Conta lá, Mãe, conta. Com a tua voz límpida, com as tuas mãos de gestos serenos a sublinharem, com elegância, o discurso directo que dá tanto colorido aos teus relatos. Sabes, Filha.... Não, Mãe, conta lá.

Licínia Quitério

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