Vive há muitos anos apertada num vaso grande, de barro. Não tem chão para alongar as raízes, procurar frescuras, trocar cumprimentos com pequenos animais. Sofre, a minha buganvília, mas teima em viver, com uma força que só é permitida a uma frágil planta. Inventou estratégias de sobrevivência que me desconcertam. Duas vezes floresce, em cada ano, duas vezes se reduz a hastes aparentemente secas, espinhosas. Fico sempre triste e digo: Foi agora que desistiu. Num resto de esperança, dou-lhe alguma água que é tudo o que lhe posso dar. Para ali fica, semanas a fio, sem sinal de vida. Até que um dia, e de novo agora aconteceu, explode em ramos novos, verdes, tenros que rapidamente se deixam polvilhar de flores vistosas, galantes. Eu sorrio e ela também, juro. Sobreviventes, teimosas, de raízes apertadas, ambas poupamos energias até florir de novo, ainda, em dádiva de cor, inverno fora, para espanto de quem passa.
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