A rua vou-a descendo
O mar ao longe a fitar-me
A serra ao longe a fitar-me
Uns olhos entre a folhagem
Como se fossem verdade
Como se fossem miragem
E a vida vou-a descendo
E a rua minguando
O mar ao perto a fitar-me
A serra ao perto a fitar-me
Umas mãos entre a folhagem
Como se fossem verdade
Como se fossem miragem
No meu deserto de esperas
No meu bornal de viagem
Rua abaixo, vida abaixo,
Que assim se fazem os contos
Que assim se contam as contas
Do meu colar de surpresas
A alternar com tristezas
Que assim se fazem os dias
Rua abaixo, rua acima,
Vida acima, vida abaixo,
Um rosto entre a folhagem
Esse que é meu de verdade
Esse que não é miragem
Licínia Quitério
Sem comentários:
Enviar um comentário