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Traz-me notícias ou um copo de água fresca. Tenho sede. Uma grande sede que não me larga a boca, as mãos, a blusa. Perdi a memória dos líquidos sobre a pele, sobre o chão em redor dos pés. Fresca era a alegria da manhã, a mansidão da noite. Como dizer-te que a chaminé já não tem fumo no inverno, nem pássaros na primavera? O céu é o mesmo retalho agarrado aos muros do quintal, mas, pouco a pouco, tudo vai tendo a mesma cor e há dias em que as nuvens pardacentas se prendem nos meus cabelos. Se me trouxeres um copo de água fresca, ou notícias, ou o que tu quiseres que me mate a sede, talvez o céu volte a ser azul e os pássaros poisem na chaminé. Depois do fumo, morta a cinza.
Licínia Quitério |
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1 comentário:
o quanto gosto de a ler, Lícinia, creia.
um beijo
Mel
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